O SERVIÇO COMO ESPAÇO DE PODER: nota de agradecimento à OAB/MT

Em agradecimento à homenagem recebida da OAB/MT, 7ª subseção de Mirassol D’Oeste, prestada de modo tão significativo, através de seu presidente Dr. Gustavo Tostes Cardoso e toda direção, e imbuída do espírito do protagonismo feminino em busca dos espaços de decisão no âmbito da sociedade e da própria vida privada, gostaria de partilhar uma reflexão.

O SERVIÇO COMO ESPAÇO DE PODER

Vivemos num contexto mundial de intensa competição. São países, estados, empresas, instituições e pessoas tentando conquistar cada vez mais espaços. Essa busca, por vezes insana, acaba por desconsiderar um aspecto fundamental: a ética nas relações interpessoais. Essa ausência gera violência, discriminação e preconceito em relação ao diferente, ao não convencional, estabelecendo relações doentias e estigmatizadoras, bem diferente da igualdade entre as pessoas como pressuposto fundamental da coexistência humana.

Não é esse nosso desejo. Não é esse o meu desejo como mulher, mãe e educadora. E certamente não é esse o desejo da Faculdade Católica Rainha da Paz, instituição que dirijo há 15 anos.

Nosso desejo, que acolho como meu, é ver as diferenças respeitadas e as oportunidades sendo ofertadas para todos. Nesse viés de sua missão institucional, a FCARP tem realizado a diminuição das desigualdades enquanto possibilitadora de oportunidades de formação profissional e humana. Ambas as dimensões, de essencial importância na configuração da igualdade de oportunidades, tanto para homens como para mulheres, indistintamente.

Temos percebido que as diferenças, outrora tão marcantes entre homens e mulheres, no acesso a formação superior e ao mercado de trabalho têm diminuído consideravelmente, evidenciando, para nossa alegria, um salto qualitativo bastante considerável no convívio humano, reflexo de um tipo de empoderamento palpável, que se estabelece diante dos nossos olhos e está cravado em nossa realidade.

Como dizia Paulo Freire: um dos principais educadores brasileiros empoderamento é: "capacidade do indivíduo realizar, por si mesmo, as mudanças necessárias para evoluir e se fortalecer".

Dando substrato fundamental para esse empoderamento, a FCARP conta hoje com 110 funcionários, dos quais 58% são mulheres, 946 acadêmicos, dos quais 49% são mulheres, 467 acadêmicos de direito sendo que 56% são mulheres, 290 formados no curso de Direito dos quais 54% são mulheres e ainda 35% já foram aprovados no Exame da OAB, observando que nem todos prestaram o referido exame.

Mas o nosso maior destaque é que essas mulheres e esses homens abraçam para si uma missão muito especial, tão especial quanto o sonho de formarem-se em um curso superior. É a possibilidade de estarem em uma ação permanente de atendimentos à comunidade, de acolhida ao outro dando-lhe a possibilidade de empoderar-se também.

É na ação junto à comunidade que visualizamos o empoderamento que somos capazes de proporcionar ao outro, e ao mesmo tempo reforçamos o nosso próprio poder de mudar situações que não refletem justiça social. Nos últimos anos, por exemplo, foram 446 atendimentos realizados pelo Núcleo de Prática Jurídica - NPJ, levando a cada indivíduo atendido um pouco mais dos atributos de cidadania.

A meu ver, e atenta nesse instante à lógica do próprio evangelho que anuncia nossa missão institucional, a FCARP tem realizado um trabalho importante buscando, pelo serviço que presta à comunidade, contribuir para que cada um tome para si mesmo o rumo de sua história, e nesta perspectiva, atualizamos o que Jesus Cristo diz no Evangelho de São Mateus, “Quem quiser ser o maior, que seja o servo de todos”. E nesse sentido, no serviço à comunidade, me orgulho de ser mãe, educadora e, sobretudo, mulher.

Obrigada!

Prof. Ms. Marilza Larranhagas da Cruz
Diretora Geral / FCARP