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OMISSÃO DE SOCORRO

HOSPITAL SÃO LUÍS: Bebê morre após médico não aparecer para realização de cesariana


Por Ferreira Júnior

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Reprodução web

A 1ª Promotoria Criminal de Cáceres, sob o comando da Dra. Ana Luíza Barbosa da Cunha, apura denúncia de omissão de socorro, praticada pela equipe plantonista do Hospital São Luís e que resultou na morte de uma recém-nascida em data de 16 de Outubro de 2019. Registrada sob o n. 003302-005/2019, a investigação teve início a partir da narrativa apresentada pelo pai da criança, Wesley Ferreira, perante a Ouvidoria do órgão.


Segundo o denunciante, sua esposa Fernanda Schiavo foi internada no Hospital São Luis em 07 de Outubro, queixando-se de sangramento e outros sintomas, mas foi liberada no dia seguinte sem um diagnóstico, tendo retornado para a unidade hospitalar em 10 de Outubro, após o agravamento do caso, quando foi levada por uma ambulância de Mirassol D'Oeste, local de residência do casal.


Ainda citando a denúncia, após a chegada de Fernanda ao hospital, ela teve de aguardar por ao menos uma hora pelo primeiro atendimento, que foi realizado por estudantes de medicina. "Eles se perdiam entre papéis, demonstravam dúvidas sobre o significado de 'Reagente' nos exames apresentados e chegaram a questionar uma supervisora sobre a grafia correta da palavra "extenso" sem, contudo, dar atenção ao caso", declarou.


Em virtude do episódio, uma discussão se travou que acabou por convencer a supervisora a internar Fernanda. Ela então, permaneceu internada sob os cuidados da equipe, que resumiam o tratamento a remédios para dor e soro. Sem melhoras, a gestante teve uma perda de líquido aminiótico em 11 de Outubro, quando um exame de ultrassom se tornou urgente, para avaliar as condições da bebê.


O Hospital, então, teria dito que o exame só poderia ser realizado no final do dia seguinte, em razão do equipamento ser operado por equipe terceirizada. A família chegou a disponibilizar uma médica ultrassonografista para a realização do exame de urgência no local, o que teria sido negado pelo hospital.


Diante da negativa e da urgência do caso, familiares buscaram viabilizar a transferência da paciente para Cuiabá, onde equipe de um hospital particular estava de prontidão, mas o Hospital São Luis se recusou a liberar a transferência, alegando dispor do exame necessário.


Dias depois, já em 15 de Outubro, por volta das 15h, Fernanda começou a sentir dores e o médico plantonista foi chamado. Apesar da insistência da família, a espera pelo profissional se prolongou pelo restante da noite. A paciente entrou em trabalho de parto por volta das 02h (duas da madrugada) de 16 de Outubro e sua filha nasceu de parto normal por volta das 07h da manhã, sob a supervisão de enfermeiros, sem a presença de nenhum médico, mesmo exames demonstrando que a cesária era obrigatória e a bebê faleceu durante o parto.


OUTROS CASOS DE VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA

Além de apresentar a denúncia ao Ministério Público, o casal divulgou a história em suas redes sociais e diz ter recebido relatos de mães que passaram por problemas semelhantes, vivenciados no mesmo hospital. Eles agora, buscam reunir informações sobre estes casos, para formalizar novas denúncias contra o Hospital São Luis e lançaram um site, acessível pelo endereço www.isabellekids.com.br para chamar a atenção para o caso e auxiliar outras gestantes.


"Se, antes de nós, gestantes que passaram pela mesma experiência tivessem tido condições de chamar a atenção para estes problemas, muito provavelmente não teríamos passado pelo que passamos. Mas a partir de 16 de Outubro, caso qualquer outro recém nascido venha a sofrer pelas mesmas razões, parte da responsabilidade também é nossa por não termos denunciado às autoridades competentes as irregularidades que são cometidas", declarou o casal.


Eles alegam ter consciência de que nada trará a vida de Isabelle de volta, nome escolhido para a bebê, mas esperam mobilizar as autoridades para que providências sejam tomadas, com o objetivo de que a história não se repita.


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