Uma pesquisa recente trouxe à tona uma realidade preocupante sobre a malária em Mato Grosso. O estudo, conduzido pela farmacêutica e vice-presidente do Conselho Regional de Farmácia de Mato Grosso (CRF-MT), Dra. Valéria Gardiano, revelou as áreas de maior risco para a doença no estado. O trabalho foi orientado pelo Dr. Victor Vitorino Lima, com coorientação da Dra. Josilene, do Campus Araguaia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
A pesquisa analisou dados de uma década (2011 a 2021) e revelou que as regiões norte, oeste e noroeste do estado apresentam os índices mais alarmantes de infecção. Entre as cidades mais afetadas estão Colniza, Aripuanã, Pontes e Lacerda, Apiacás e Nova Bandeirantes. O estudo foi publicado na revista científica Lium Concilium e reforça que populações indígenas correm o dobro do risco de contrair a doença em relação aos não indígenas.
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A pesquisa aponta que ao todo, foram identificados 20.819 casos de malária no período de 10 anos, com as maiores taxas de incidência entre homens e pessoas com baixos níveis educacionais. As informações foram retiradas dos bancos de dados públicos fornecidos pelo governo do Estado de Mato Grosso, Sistema Único de Saúde (SUS), Sistema de Informação de Agravos de Notificação e do Formulário de Notificação do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Malária (SIVEP-Malária, Ministério da Saúde do Brasil).
A malária está diretamente relacionada às condições socioeconômicas. O estudo aponta que as regiões mais afetadas possuem baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e sofrem com a falta de saneamento básico, pavimentação e sistemas de drenagem adequados. “A doença impacta desproporcionalmente populações vulneráveis, com menores níveis de educação e acesso limitado a serviços de saúde”, destaca Dra. Valéria Gardiano. A malária é transmitida pela picada da fêmea do mosquito-prego (Anopheles), infectada pelo protozoário Plasmodium. Os sintomas incluem febre alta, calafrios, suor excessivo e dor de cabeça. Caso não seja tratada rapidamente, pode levar a complicações graves e óbito.
O coordenador da pesquisa, Dr. Victor Vitorino Lima, enfatiza que esse levantamento pode ser usado como base para a destinação de recursos públicos e elaboração de estratégias de combate à malária. “A prevenção começa com a identificação do problema. Este é um exemplo claro de uma doença negligenciada que precisa de mais atenção por parte das autoridades”, alerta. O governo federal já deu os primeiros passos com o Plano Nacional de Eliminação da Malária, lançado em 2022. O objetivo é reduzir os casos para menos de 68 mil por ano até 2025, zerar os óbitos até 2030 e eliminar a doença do Brasil até 2035. No entanto, o estudo mostrou que, em Mato Grosso, o número de casos se manteve estagnado no período analisado, sem avanços significativos na redução da doença.
Outro ponto de atenção levantado pela pesquisa é a influência das atividades humanas na incidência da malária. Práticas como ecoturismo, pesca esportiva, criação de gado ao ar livre e desmatamento intensificam o contato entre humanos e os mosquitos vetores. “O mosquito transmissor tem hábitos exofágicos, ou seja, pica fora das habitações. Isso significa que as pessoas estão sendo infectadas enquanto trabalham em áreas abertas, antes do nascer do sol ou ao entardecer, períodos de maior atividade do vetor”, explica o professor Victor Vitorino Lima.
A erradicação da malária passa por investimentos em infraestrutura, campanhas de conscientização e estratégias de prevenção, como distribuição de mosquiteiros impregnados com inseticida e monitoramento constante das áreas de alto risco. Com um estudo detalhado e uma base científica robusta, o trabalho da Dra. Valéria Gardiano e sua equipe oferece uma ferramenta essencial para gestores públicos e autoridades de saúde no combate à malária. A esperança é que essas informações sejam aproveitadas para mudar o curso da doença e proteger as comunidades mais vulneráveis do estado.
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