Nos cálculos do governo, o trabalhador brasileiro teve um ganho real de 73,35% em seus rendimentos nos últimos dez anos, graças aos reajustes do salário mínimo. Esse percentual — superior ao aumento de preços no período — é resultado de uma fórmula que leva em conta a inflação e o resultado do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) dos dois anos interiores; mas ela só vale até 2015.
Vence no próximo ano a lei que regula o reajuste, e ainda não se sabe como esse cálculo passará a ser feito. Economistas e representantes dos trabalhadores têm opiniões divergentes quanto ao cálculo que deverá ser usado para calibrar o aumento do salário.
Enquanto as centrais sindicais defendem a manutenção da atual política, os economistas desdenham, por acreditar que a melhor forma de garantir ganho real ao trabalhador é o controle da inflação. De acordo com estimativa do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), 48,2 milhões de pessoas têm o rendimento atrelado ao salário mínimo.
Para Robson Gonçalves, professor da FGV (Fundação Getulio Vargas), o impacto do mínimo na Previdência Social tem sido muito grande — e tem gerado um desequilíbrio nas contas públicas. O economista sugere que o controle da inflação é mais eficaz para garantir o ganho do trabalhador.